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A mostrar mensagens de outubro, 2017

Machismo rima com cinzentismo

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Não fico muito surpreso quando alguns/mas paspalh@s iletrad@s me olham com cara de coelho mal morto quando ando de calças cor-de-salmão. Sei que muita dessa gente, coitada, pobre de espírito, aprendeu a ler com os manuais da Porto Editora, a sebenta de Direito, fotocópias do manual de Anatomia e pouco mais..., com mestres que se limitavam a debitar o manual da Porto Editora, os esquemas do retroprojector, a sebenta e pouco mais... Fico é espantado até à fúria quando estudantes de Belas Artes - de Belas Artes caralho! - me vêem com maus olhos por estes dois factos ridículos: ser homem e usar umas calças cor-de-salmão. Se isso acontece em Belas Artes, o que aconteceria no Tribunal da Relação do Porto se eu por lá entrasse - Deus Nosso Senhor me livre de tal! - “vestido à mulher”? Mandar-me-ia o sr. dr. juiz imediatamente para a choça, com o apoio da sua amiga reaça! Diz a Bíblia: um homem é um homem (preto, cinzento e azul, mota, futebol, cabedal), uma mulher é uma mulher (cor-de-sa

Neblina, dizes se me amas?

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Escrevo. A coisa mais certa e convicta num mundo incerto. Escrevo convictamente onde falham todas as convicções. Escrevo também por vaidade, claro, vaidade das vaidades, tudo é vaidade. Todos o fazemos. Os grandes e os pequenos, os que estão na alegria suprema e os que permanecem na mó de baixo. Escrevo, então, para perguntar e perguntar-me, como Chatwin por esse mundo fora, como Rimbaud na Etiópia, dois dos meus primeiros escritores, o que faço eu aqui. Mas também para dizer, como uma criança carente, como Bruce, como Arthur, eu estou aqui . Escrevo para me substantivar, numa luta constante contra adjectivos, todavia faço-o neste Porto granítico e lírico que me protege e me mete medo - ou me seduz ou me enoja - mas sempre me apaixona. Neblina, dizes se me amas? Há um ror de anos, no primeiro rascunho deste rascunho, pedia-te desculpa.  Já não te peço desculpa.  Eu amo-te.

Didáctica magna

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Uma vez por outra, dedico a última meia hora da classe do fim da manhã a jogatanas léxico-narrativas.  Cantas bem mas não me enganas! Reclama o Lourenço:  - Nelson, por que é não jogamos a aula toda?  - Vamos jogar um jogo agora!  - Por que que não fazemos um jogo no início da aula e não no fim?  - Isso é chato!  Belas questões pedagógicas do melhor narrador-narratário .  Próximo início-meio-e-fim de aula: 'storytelling' com dados.  É o que dá andar a preparar a lição e a inspiração perdido danada e inútil da Tiger!

A insustentável leveza do leitor

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Gosto sempre do António Lobo Antunes, até quando escreve mal, até quando fala muito pior do que escreve. Quando amo ou odeio, não entendo nada de ciência literária, e vejo Braga pelo canudo de Filologia pelo qual arrotei 120 mocas de moeda europeia. À São Paulo, tudo creio, tudo desculpo, tudo suporto. Fotografia de Miguel Barreira, do jornal Record , achada  aqui .

A carne

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"Ser maldito é desejarmos ser como os outros, mas não conseguirmos. E querer que nos amem, mas só causarmos medo, talvez riso. Ser maldito é não suportarmos a vida e, sobretudo, não nos suportarmos a nós próprios.” Rosa Montero, A Carne , tradução de Helena Pitta, Porto Editora, 2017.

A ars poetica do Bairro do Carriçal

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Olha-me o cabrãozinho do gato esticado em posição de ataque, o vadio!, à espera que o rato saia de baixo da terra ou que as pombas desçam do céu da minha janela. Vai observando uma lagartixa e maravilha-se com folhas outonais que se mexem beijadas pelo vento deste Verão fora de horas. Entedia-se de ser ao fim de uma hora ou mais. Levanta-se da sua preguiça de predador domesticado. Acaba por se contentar, como o gato de Pessoa?, com um resto de folha de árvore amarrotada que pode bem ser um animal para ele brincar. Anda cá!

A mais feia profissão do mundo

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Academia Sueca, para quando um Prémio Nobel do Jornalismo? Uma vida inteira de sofrimento é o que é, e nem um banco de jardim para nos sentarmos, cabrõezões da Literatura! Ou é só para vós que o mundo será feliz? [a partir de fotografia Neil Hall/EPA, achada no jornal Público, de Lisboa, na notícia: "E O Nobel regressou ao romance" , de Isabel Lucas, e das seguintes declarações de Mr. Ishiguro, Prémio Nobel da Literatura 2017: "O mundo vive um momento muito incerto e eu espero que todos os prémios Nobel possam ser uma força positiva no mundo. Ficaria profundamente comovido se pudesse de algum modo contribuir para uma atmosfera positiva em tempos tão incertos."]

A nossa vida sexual

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  [Em memória do Dr. Fritz Kahn] - Só queria sexo sem sentimento. - E eu só queria sentimento sem sexo. - Já eu queria mesmo era sentimento com sexo. - Quanto a mim, só sexo com sentimento. - E que tal sexo com sexo? - Melhor sentimento com sentimento, pá!

Imortal, tu, ó animal?!

Às vezes, nos meus rabiscos e até mesmo em textos lidos e relidos, sai-me que estou já em 3017. As vacas das minhas gralhas são mesmo crentes! [inserir aqui risada diabólica, tipo Ah! Ah! Ah!]