O dito popular universal crê e sustenta que os olhos são o espelho da alma. Já para nós portugueses, que aqui escrevemos e falamos, alma é palavra feminina. Com Giulia Sissa, dizemos agora neste texto que a alma é um corpo de mulher, mesmo nos homens que brotam de um corpo de mulher, de uma alma das almas, de uma mulher-alma. E, com a mesma autora, escrevemos que “o corpo é parte integrante não apenas na imagem da alma em acção, mas, já antes, enquanto coisa presente; em suma, não apenas nos enunciados, mas também já na enunciação. São então as categorias da pragmática, ou seja, da linguística que se interessa pelos actos da fala, que vão ajudar-nos a esclarecer a pertinência minimal e liminal do corpo em presença.” [1] As mulheres da pintora Isabel Amaral, na sua dor e no seu amor, no seu sabor pictórico de saber de experiência feito, na sua velhice áurea e serena ou juventude rebelde e insubmissa, olham-nos sempre de frente, com frontalidade, mesmo quando parecem sofrer, teme