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A mostrar mensagens de janeiro, 2021

Uma cidadela entre Vénus e Marte com vista para o Sol

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Bandos de anjos com corpos de ginastas d escem à metrópole entre Vénus e Marte. E entre passos de pessoas, peixes e demais bichos, em glauca dança, desenham uma acrópole. Bebem chá de gengibre para melhor falarem nesta grande praça ao deus-dará. Não têm medo das ruas mais escuras, e nem sequer do amor. São anjos; como aos poetas, aos anjos  ninguém lhes faz mal, até o grande ladrão da noite. O seu fado é verde-mar, na ilha fazem toda uma cidade de pássaros, carros elétricos, muitos jardins, rios e corais. E, nas frestas dos dias e das dores, querem uma saída para qualquer parte. A festa dura só três dias – nada mau –  e termina já de madrugada, sete da manhã, com mangas, amoras, rúcula, laranjas e vinho tinto. São anjos. Agora, no fim, para serem homens,  basta-lhes apenas outra vez a arte de no céu saber cair. Poema de Nelson Bandeira, sobre desenho de Isabel Amaral, 13 de Janeiro de 2021.