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A mostrar mensagens de fevereiro, 2018

Feliz quem é diferente e é diferente mas ai de quem é diferente e é igual

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No sempre triste  e apagado autocarro que vem da Maia, ouço uma pascácia paspalha rosnar esta frase batida de país cinzentão:  - Ele é assim, mas é uma pessoa normal.  Não entendi bem o co-texto e o contexto, mas pode-se imaginar facilmente um. Deprimo logo? Ataco, antes, a melhor terapia contra a queda no lamaçal. Só aceitamos a diferença quando ela é quase igual a nós. E então se essa diferença  for mesmo, mesmo, igualzinha, certinha e direitinha, não ofendendo qualquer mãe de Bragança ou de Ermesinde, upa, upa, alto lá que somos os reis da tolerância, a palavra mais proclamada e praticada por quem, no fundo, no fundo, não aceita nada de nada que não passe os limites "aceitáveis", "toleráveis" para si mesmo. No fundo, poeta verdadeiramente lusíada, Não mais, Musa, não mais, que a lira tenho   Destemperada e a voz enrouquecida,   E não do canto, mas de ver que venho Cantar a gente surda e endurecida,  O favor com quem mai

Atraso de vida

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Somente aprendi a apertar os sapatos com 13 anos. A comer de faca e garfo com 11 ou 12, sei lá bem. A pôr o cinto de segurança com 14. Quanto ao teorema de Pitágoras, só com 14 também comecei a dar-lhe uns toques. Consegui ler um romance do Lobo Antunes com 27/28, vá lá. Comecei a lavar correctamente o umbigo com 29, segundo a legislação internacional. Aprendi a foder com 30. Mas ainda dou muitos erros de sintaxe quando todos os meus cinco amigos fodem à fartazana com uma perna às costas. Já sei manter as aparências nos restaurantes. Mas ainda não há maneira de falar com a norma padrão do português de Coimbra. No entanto, camaradas, ainda não assimilei como se é de esquerda de acordo com as normas (de Direita ou de Esquerda). Não sei ler Immanuel Kant. De resto, nunca o li. Nao sei como se muda de clube de futebol, mas sei já bem trocar de partido: muito fácil, basta olhar. Ainda não sei amar à século. Nem a escrever poesia cínica sem sentimento. Nem sei ainda mo

Eça tarda mas não falta!

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Tão perdido e desleixado, egiano vencido da vida,  tenho andado na escolha de tema para escrita profunda  e proveitosa, para vida profunda e proveitosa,  para escreviver para além das tretas virtuais e parvas, que acabei, nestes primeiros dias apesar de tudo felizes de 2018 (130 anos depois de um dos maiores acontecimentos da língua mãe) por me decidir pelo primeiro meu escritor sobre quem escrevi a sério (como só na adolescência se escreve a sério, com abundância de paixão, adjectivos e pontos de exclamação). Enfim, estou todo cagadinho de medo mas também com uma pica do caraças!  Vamos lá pegar o touro pelos cornos!