Talvez por causa de vírus biológicos, analógicos e digitais, não tenho tido nas últimas semanas o trabalho que tinha ao sábado. Ontem, outra vez, mais uma vez. À tarde, fui para a rua ler poesia. Longe de televisões e previsões. Para ganhar a vida, literalmente, para ganhar a vida. Um homem, tão poeta e prosador quanto eu e ele, deu-me, assim do nada, como puta poesia*, vinte euros, vinte vírus, ainda no início do triste espectáculo feliz. Por vinte euros, se eu fosse crente, acreditava. E nenhum vírus me matava. *Queria antes escrever pura e a escrita automática escreveu o que quis.