Rasccunhho

  Guitarra, garra, trazes a noite até à garganta, vens com a chuva, vens com o vento trazes a cidade por entre os dedos e fazes a tempestade de vários medos só és voz do que não se pode jamais cantar – Guitarra, terra, trazes a noite à solidão – e de entre tudo o mais, és somente para nós alimento de puro chão Guitarra, gaivota, Voa até aonde O meu amor Seja maior grito De pássaro – de serra. margem e biblioteca. Poesia, Guitarra, contadora viva, Xerazade, olha lá a história que contas na canção toma lá cuidado, não te mate ela de paixão. Conta-a, canta-a, bem contada, bem cantada, como se fosses, ó Guitarra, lava de vulcão, ferido coração, açor que vem da ilha mais só, voando do mais alto céu para o áspero país da poesia. Nelson Bandeira, Porto, 3 de Abril de 2021

Podia ser hoje, primeiro dia de Abril, e bastava para viver para sempre. Tu dizias que gostavas de mim, eu dizia que não te amo. Hoje, a verdade. Hoje, a verdade dói-te só a ti. E, depois, como quem não quer a coisa, a vida continua amanhã, quando a grande mentira toma conta do mundo. E só eu volto a sofrer a minha verdade.